Foi no ano de 1967, quando ela tinha
12 anos.
Cada classe escolhia, por sorteio,
uma mãe a ser homenageada na festa anual na escola estadual.
O prêmio era uma forma de pizza
Fulgor, marca famosa de panelas.
Por que a sua tinha que ser sorteada
num ano tão desastroso como aquele?
A professora enérgica de português
que distribuía notas zero e pontos negativos para a classe inteira, em todas as
aulas. Um suplício para uma aluna aplicada que nunca vivera uma nota mínima. A
alegria da mãe homenageada virou dor. E, ainda, o refrão de animação da irmã
mais velha que, sem saber da história, voltava o caminho para casa falando de
suas notas boas.
Por destino de amargura ou pura
coincidência, uma veia estourou no pé da mãe. Pronto-socorro, pontos e o pé
enfaixado que a impediram de ir à festa.
Mesmo assim o prêmio chegou às mãos
da senhora que recompensou a família com uma pizza saborosa, assim que a ferida
melhorou. A válvula vermelha erguendo-se sobre a tampa para avisar que a saborosa
estava pronta e o aroma aconchegante apagando toda e qualquer angústia.
Tempos depois uma dor de cabeça forte
levou a garota ao médico. A mãe, preocupada, queria levar ao neurologista, mas
a sabedoria do clínico consultado compreendeu que se tratava apenas de nervoso.
“Um cálcio e tudo estará resolvido” – decidiu ele. Ela ainda cogitou se deveria
tirar a menina da escola, já que a origem do problema encontrava-se lá. “Absolutamente
desnecessário” – esclareceu o médico.
Veio o segundo semestre e, além da trégua
com as férias, uma amiga ingressou na mesma escola e tornou-se grande
companhia. Somado ao fato de que todas as notas negativas impostas eram blefe
da professora tentando exigir estudo dos alunos.
A mãe não foi mais sorteada e a filha
nunca foi reprovada, mas pizzas não faltaram na famosa forma que até hoje faz
parte de muitas cozinhas, inclusive na da menina que já tem a idade da mãe na
época. Os pratos são outros porque a forma traz com ela um pequeno folheto de
receitas ótimas e para pizza há outros destinos e muitos restaurantes bons que
a preparam.
Volta e meia presenteia alguém com
uma forma dessas, discursando sobre a eficiência da mesma além de sugerir uma
receita que aprendeu com a mãe a preparar nela.
Uma história que é também uma receita
de como preparar-se para a vida e para as dificuldades.
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