terça-feira, 23 de agosto de 2016

VERA LUCIA DE ANGELIS - OLIMPÍADAS NO BRASIL

Tantas já se passaram por continentes e países desse nosso mundo, mas não dá para falar desse tema sem citar a do ano corrente ocorrendo no nosso país.
Oito anos atrás, quando se soube que o Brasil sediaria uma Olimpíada no Rio de Janeiro e pela primeira vez na América do Sul, fiquei triste, temendo pelas reais intenções dos nossos mandatários, não vibrei de alegria, como certo seria para quem sempre acompanhou e torceu pelo Brasil. 
Com o passar dos anos vamos amadurecendo e ficando mais críticos. Ou porque a consciência política não nos permite considerar apenas a emoção.
Sob críticas e temores o tempo foi passando e finalmente chegou o dia, meio à situação caótica do nosso país com uma presidenta afastada a ser julgada e um presidente interino sujeito também a críticas.
Expectativas e temores também com relação à cerimônia de abertura, após decepção com abertura da Copa do Mundo de Futebol, sediada também aqui no Brasil, em 2014.
O cenário se abriu com luzes e a vibração de um estádio lotado com milhares de povos dividindo um mesmo espaço e expectativas de vitória para os atletas e para o seu país. 
As luzes multicores da tecnologia espalhando emoção por todos os lados. 
A história do Brasil encenada com dança e maestria.
Algumas frustrações com relação às músicas e músicos deixados de lado. Pena que faltou espaço para homenagem a todas as nossas preciosidades musicais. Um salto, talvez, muito rápido para a nossa realidade musical, mas tudo foi feito com tanta beleza que não conseguimos desgrudar os olhos da tela.
O Hino Nacional com Paulinho da Viola e sua simplicidade eterna junto ao coro dos brasileiros com vontade de cantar e homenagear o Brasil, apesar dos pesares.
A expectativa sobre quem acenderia a pira olímpica que se transformou em lágrimas com um Guga emocionado e merecidamente aplaudido entrando com a tocha pelo ginásio, para depois entregar à Hortênsia, justa rainha do basquete e, finalmente ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, cujo sonho de adolescência era somente conhecer as cidades do interior do Paraná para virar um campeão de humildade e espirito olímpico na nossa história.
No caderno a tarefa de escrever um texto sob o tema “olimpíadas”.
Os quinze dias se passaram e não consegui escrever, apenas torcer e me emocionar.
O racional me provocando, mas sendo suplantando pelos parcos, porém imensos em significado louros de nossa história olímpica. Mania de se apegar mais aos fracassos que às vitórias. Muitas esperanças de medalhas se apagando, mas as inesperadas compensando.
Para nosso país que fica sempre abaixo na tabela de classificação, por número de medalhas, não vemos muita chance de melhora. Talvez por isso brilhem tanto esses atletas que já são conhecidos no mundo, mas não no nosso universo esportista e que sobem ao pódio nos surpreendendo e batendo recordes de superação.
A menina da Cidade de Deus com ouro no judô, a inesperada prata para Felipe Wu no tiro, Robson Conceição com medalha inédita de ouro no boxe, Thiago Braz, também da Silva, com ouro no salto com vara, as meninas da Vela com a primeira medalha de ouro feminina na categoria e o filho de Dilma conquistando três medalhas numa mesma olimpíada para o Brasil, onde uma só na canoagem já seria inédita. 
Nossa profunda homenagem a todos os outros que também engrossaram nosso número de medalhas e aos que simplesmente competiram com dignidade e amor pelo esporte . Ao que tudo indica atingiremos uma medalha a mais em relação à Olimpíada de 2012 em Londres.
Na hora da vitória esquecemos as polêmicas e o que poderia ter sido. Assim como desconsideramos, às vezes, o caminho que os atletas têm que percorrer para chegar à olimpíada e depois nela chegar à classificação final que lhes dá a chance de medalha.
Tentamos ser justos, conscientes e realistas, mas no esporte o racional fica de lado para permitir um pouco de felicidade.
Eu quis falar da loucura, já que estamos em agosto e cheguei à conclusão que acabei de falar sobre ela. Porque loucura é também o desafio de superar barreiras e subir ao pódio do inatingível , especialmente em um país que com tantos problemas sociais se arvorou na loucura de sediar o maior evento esportivo do mundo.

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